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· Arte · · T. Filomena Abreu

The Gift

«Somos a única banda da nossa geração que não precisa de acabar para encher coliseus»

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F. ©PMC
Foto no hotel Yeatman

Conquistaram, inegavelmente, um lugar cimeiro no panorama artístico português. Os The Gift de hoje são o culminar de 23 anos de estrada, cheios de aventuras e aprendizagens, sem lugar para arrependimentos. Nuno e Sónia garantem que a essência da banda continua lá. Fugindo da zona de conforto conseguem ser diferentes. Sempre com os olhos postos no melhor. É aqui que entra Brien Eno, o músico e produtor inglês, que colaborou, por exemplo, com David Bowie e U2. Foi com ele que os The Gift trabalharam no último álbum Altar. As músicas, cheias de personalidade, estão aí, a bombar. E o público com elas. Nos dias 2 e 3 de março há espetáculo nos coliseus do Porto e de Lisboa. 

Já andam na estrada há muito tempo. Que retrospetiva fazem da vossa evolução enquanto grupo?
Sónia Tavares: Foram 23 anos... Aliás, continuam a ser. Na realidade, olhando para trás, parece que passaram num instante, ainda que tivéssemos feito muito mais coisas do que aquelas que imaginávamos. Longe de nós sonhar que algum dia iríamos trabalhar com o Brien Eno. Longe de nós sonhar que iríamos encher um Altice Arena... São 23 anos de experiência, de muita estrada, de muitos conhecimentos e de muita aventura.

Aquele momento, no início da vossa carreira, em que vocês, ainda inocentes, se entregam nas mãos de quem se calhar não vos tratou tão bem, pode ser visto como a melhor coisa que vos aconteceu? 
Nuno Gonçalves: Sim e não, porque não sabemos o que podia ter acontecido se eles nos tivessem dito que sim, é sempre uma incógnita. Nós nunca podemos dizer que a independência dos The Gift, e o «faça você mesmo», de que nos orgulhamos, foi o caminho perfeito, porque não conhecemos o outro. Às tantas o outro podia ter sido horroroso. Mas podia ser também que tivesse havido alguém interessante, nessa mesma editora, que nos pudesse exportar mais cedo. Lá fora, ainda não temos estrutura que tivesse pegado nos The Gift. Temos equipas que trabalham os concertos, a promoção, mas ainda não temos uma mega máquina a trabalhar os discos e a carreira dos The Gift. Ficamos muito orgulhos de ser conhecidos como a única self made band, quase do mundo, a ter chegado tão longe. Mas também confesso que, às vezes, desanima um bocadinho esta constante escalada de muros, desde os concertos que temos de esgotar lá fora, os discos novos que temos de fazer para chegar a mais público, às vezes é um bocadinho cansativo. 

«Somos a única banda da nossa geração que não precisa de acabar para encher coliseus»

Houve algum momento, em todo esse processo, em que se tenham arrependido das vossas decisões?
Nuno Gonçalves: Arrepender…? É a vida que temos. Chega a uma altura da nossa vida, enquanto banda, em que temos é de ficar felizes porque somos a única banda da nossa geração, ainda viva, que não precisa de acabar para encher coliseus. A única banda da nossa geração que não precisa de acabar e voltar a tocar para dizer que era muito boa, há dez anos. Nós continuamos vivos, de saúde, e, portanto, não nos podemos arrepender de nada.

O que se segue?
Sónia Tavares: Seguem-se duas fases bastante importantes da nossa vida. Uma é um concerto que vamos dar no dia 24 de fevereiro, em Londres, Union Chapel, por onde passaram muito boas bandas. É um concerto muito importante para nós. Todas as apresentações em Londres têm sempre muito peso, está sempre a imprensa importante, porque está sempre a gente que vai à descoberta. Um bocadinho ao contrário do que acontece em Portugal, onde as pessoas nos conhecem e sabem que não vão à descoberta, vão à celebração. E a celebração é precisamente nos dias 2 e 3 de março, nos coliseus, do Porto e de Lisboa. Depois, a nossa vida continua, também no estrangeiro. Portanto, há uma série de coisas este ano que ainda temos de fazer, antes de começar a pensar num próximo disco.

Vocês disseram-no muitas vezes: este álbum, o Altar, é o vosso melhor até agora. Foram buscar o Brien Eno para trabalhar convosco porque era o momento de mostrar o culminar destes 20 e tal anos de carreira?
Sónia Tavares: Ele é que se cruzou connosco (risos).
Nuno Gonçalves: Por acaso, foi uma feliz coincidência. No momento em que a Sónia propôs ao Brien trabalhar connosco, ela disse precisamente isso: temos 20 anos de carreira, queremos-te a ti. Já não somos uma banda que começou há duas semanas nisto. Já não temos só um ou dois discos. Temos de experimentar realmente o melhor. Temos de experimentar uma coisa nova, que nos alicie, que nos estimule de novo, que nos faça acordar com vontade de ir para o estúdio. E nada melhor do que ter o Brien Eno. E nunca pensamos numa reposta melhor do que aquela que ele nos deu: «I think we will have a lot of fun» [Penso que nos vamos divertir muito]. E isso foi fantástico. 
Sónia Tavares: Agora que chegamos a este estádio, é-nos um bocadinho impossível voltar abaixo. Porque o prazer foi tão grande que se não for outra vez assim vamos desmoralizar. Foi tão bom, tão agradável, que vai ser complicado igualar.

«Ficamos muito orgulhos de ser conhecidos como a única self made band, quase do mundo, a ter chegado tão longe»

Isso significa que haverá um novo disco com ele?
Sónia Tavares: Espero que sim, se ele não puder, trabalharemos com o Flood, vamos trabalhando…

Notou-se que, com este álbum, a crítica andou muito atrás do que era The Gift e do que era Brien Eno…
Sónia Tavares: Eu acho que as músicas são todas dos The Gift. Chapadas. Com ou sem Brien, as canções já lá estavam. O que ele fez foi produzi-las muito bem e ajustar os contornos que, se calhar, não estavam bem delineados. No Love Without Violins, as pessoas ouvem os primeiros acordes e a parte elétrica e dizem: «Ai, vê-se mesmo que isto é Brien Eno». E o Brien Eno nunca mexeu naquela parte, só na parte final. O disco é nosso.

Como tem sido, nestes meses, o feedback deste Altar?
Sónia Tavares: Não andamos a tocar só o Altar. Felizmente, com estes 23 anos de banda, temos muito com que entreter o público. Se, numa primeira fase, andámos a fazer uma digressão de auditórios, teatros para apresentar o Altar, por outro lado também chegamos a qualquer festa da cidade e fazemos uma hora e meia de alegria. Porque passamos da intimidade e adaptamos as coisas para uma forma mais explosiva, mais ao vivo. E as pessoas têm-se adaptado bastante bem. Inclusivamente, houve uma votação online para saber que canções os fãs queriam que tocássemos numa das nossas entrevistas ao vivo e, para nossa surpresa, foi o Big Fish. Portanto, as coisas estão no bom caminho.

F. Hans Peter
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Filomena Abreu
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