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Isabel Jonet

«Vivemos a correr e desvalorizamos o que exige mais tempo»

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Aos 12 já fazia voluntariado no Hospital de Sant’Ana. Anos depois, mãe de três filhos, foi oferecer duas das suas tardes por semana ao Banco Alimentar. Ao fim de um mês, fazia parte da direção. Hoje, os Bancos Alimentares chegam a milhares de instituições e a centenas de milhares de pessoas. Isabel Jonet, a presidente desde 2002, é o rosto forte da solidariedade em Portugal. O seu trabalho tem sido reconhecido ao longo das décadas: pela Assembleia da República, em 2005, quando recebeu o Prémio Direitos Humanos; e, em 2017, quando recebeu o Grau de Grande-Oficial da Ordem do Mérito. Há mais, mas, para Isabel Jonet, isso nunca foi o mais importante.

Se lhe fosse possível eleger, quais seriam os momentos que mais marcaram o país e o mundo nestes últimos 20 anos?
Destacaria, sem dúvida, a disseminação da Internet e a transformação dos telemóveis em smartphones – que significou o fim da distância, aproximando as pessoas e facilitando a comunicação – e o atentado às Torres Gémeas, que veio alterar a perceção de que vivemos num mundo em paz, obrigando a um reforço da segurança que retirou muita liberdade individual. 

Profissionalmente, qual foi o momento mais decisivo para si nestas duas décadas e qual o motivo de o destacar?
Em 1994, escolhi ser voluntária a tempo inteiro no Banco Alimentar; desde então, apoiei a criação de 20 bancos idênticos, que hoje apoiam mais de 2500 instituições sociais e entregam mais de 100 toneladas de alimentos por dia, contribuindo para a alimentação de 4% da população portuguesa. Em 2004, decidi fundar a ENTRAJUDA, para levar gestão e organização ao setor social e mobilizar voluntários qualificados. Essa decisão permitiu estruturar diversos projetos de inovação social que geram elevado impacto social, como a Bolsa do Voluntariado, o Banco de Bens Doados, a Rede de Emergência Alimentar e outros, que permitem melhorar a vida de muitas pessoas. 

Qual seria, no seu entender, a mudança mais urgente que o país e o mundo precisariam operar nos próximos 20 anos?
Uma maior atenção ao ambiente e à humanização da sociedade. Vivemos hoje com um ritmo que não é humano, esquecendo muitas vezes quem nos está mais próximo e dedicando demasiado tempo a mensagens, notícias, e-mails, etc., em detrimento da construção de relações mais afetivas e reais. A sociedade assenta em relações entre pessoas que se conhecem e confiam umas nas outras, porque construíram algo em conjunto, sejam famílias, amizades, ou realizações profissionais, o que exige tempo e dedicação. Vivemos a correr e desvalorizamos o que exige mais tempo.
Filomena Abreu
T. Filomena Abreu
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