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Francisco Laranjo

Artista plástico

O seu trabalho revela-se a partir de uma gramática estabelecida, traduzindo o instante com gestos fluidos e límpidos, numa acumulação cromática de tempos. São já várias décadas de percurso artístico, essencialmente dedicado à pintura, mas também com incursões noutras áreas, de que são exemplo os vitrais na Igreja de São Martinho de Cedofeita, no Porto, e na Igreja da Sagrada Família, em Chaves, sem esquecer o painel cerâmico no Instituto Português de Oncologia, no Porto. Tem ainda um trajeto assinalável como docente, tendo sido diretor da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.  

Francisco Laranjo
Como descreveria a sua obra em termos estilísticos e temáticos?
A minha obra procura responder, de modo lúcido e totalmente emocional, às questões essenciais do mundo como o olho. Com a presença da mão, que elogio através da contenção do gesto e de uma paleta onde a austeridade e o silêncio meditativo se exponham com naturalidade. Gostaria que a história toda fosse presente em cada momento, que é o que se desconhece e, ao mesmo tempo, o que se pretende alcançar.

Trabalha por séries, de acordo com um tema, ou procura depois um título para abrigar as obras que produziu num determinado período? 
Normalmente, organizo o meu trabalho como respostas a temas específicos que me ocupam o pensamento, ou então a convites e em função de um espaço, ou ainda a assuntos que me estimularam o início de alguma procura. Os títulos são apenas nomes, onde é necessário atribuir uma identificação a alguém, a um lugar ou entidade. Facilitam-se as coisas: o público aprecia e o artista melhor se organiza.

É um artista metódico nos hábitos de trabalho ou segue uma abordagem mais instintiva? 
Não me considero um artista metódico, apesar de ir diariamente ao estúdio e ter de cumprir tarefas e exigências distintas em função das diferentes galerias, de comissários ou donos da obra, se assim se pode falar de quem encomenda, sejam exposições, arte pública, ilustração, conferências, etc.

Como docente, que mudanças foi encontrando nos estudantes entre o princípio do seu percurso e os dias de hoje?
Creio que hoje um estudante tem de ter uma preparação muito mais exigente num contexto pluridisciplinar, sem abdicar de uma consciência séria e muito escrupulosa sobre o caráter das respostas, como artista, que lhe vão ser exigidas. O seu universo é de muito maior exposição mediática e crítica, mesmo sem o seu exercício formal, logo mais complexa. E mais complexo o juízo.

Que legado quis deixar enquanto diretor da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto? 
Um legado de resistência pela liberdade de criação e de pensamento, que é mais ilusão do que realidade, pois os estudantes nem sempre têm coragem de contrariar os seus professores e de discutir princípios, métodos e estratégias. A tentação manipuladora é grande. Por outro lado, procurei valorizar a história da Escola do Porto e das disciplinas fundacionais, sem esquecer todas as outras linguagens de que os portugueses se podem orgulhar sem complexos, pois a qualidade da criação plástica é, sem falsa modéstia, de muita qualidade.

«A minha obra procura responder, de modo lúcido e totalmente emocional, às questões essenciais do mundo»

T. Sérgio Gomes da Costa
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