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Biblioteca da Abadia de Admont

Arte e cultura emolduradas pelos Alpes

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A Áustria possui muito mais do que as montanhas do Tirol, ou os lagos de Salzkammergut, ou a elegância de Viena. A sul do país, numa zona cheia de maravilhas naturais, chamada Styria, existe um mosteiro/abadia beneditino verdadeiramente admirável. Fica na cidade de Admont, nas margens do rio Enns, e foi fundado em 1074 por Gebhard, um arcebispo de Salzburgo. Muitos séculos de Ora Et Labora tornaram-no num dos mais importantes centros monásticos na região, um compêndio de arte e cultura, com uma célebre escola de escrita que gradualmente formou a base da sua impressionante coleção bibliográfica. 
A Abadia de Admont sofreu várias reformas ao longo dos tempos, a mais drástica no seguimento de um incêndio em 1865 que consumiu quase todo o mosteiro e, milagrosamente, deixou ilesa a sua grandiosa biblioteca. Hoje, a Abadia é um complexo monumental que agrupa arquitetura barroca e neogótica, arte religiosa, arte contemporânea, museus e um belo enclave natural, emoldurado pelos Alpes. A sua atração principal é a biblioteca que, não raras vezes, ganhou o epíteto de «oitava maravilha do mundo».

Os frescos das sete cúpulas representam as diferentes fases da compreensão humana.

A obra foi de Josef Hueber, que dividiu o espaço em três partes, com um grande salão central coroado por uma grande cúpula e duas salas laterais que reproduzem a divisão geral: cada uma tem três secções, com sua própria cúpula. São divisões ternárias, como um símbolo da Trindade, e uma soma de sete cúpulas que apelam ao número perfeito e à satisfação do trabalho acabado: «No sétimo dia, Deus descansou». As prateleiras são todas pintadas de branco, com efeitos dourados, uma influência do gosto Rococó e uma forma de intensificar o efeito da iluminação, potenciada pelas 48 janelas que iluminam as grandes galerias. O mesmo espírito vive nos frescos das sete cúpulas que o octogenário Bartolomeo Altomonte pintou, que representam as diferentes fases da compreensão humana. Religião e pensamento andam de mãos dadas em todos os pormenores. Várias Bíblias e obras religiosas são preservadas sob a grande cúpula. O salão norte é ocupado pela literatura teológica, o salão sul pelas restantes áreas do conhecimento. No total, a biblioteca conserva cerca de 200 mil volumes. Entre eles, existem 1400 manuscritos, alguns dos quais datados do século VIII, e mais de 500 incunábulos. Ao longo das galerias, existem 16 esculturas e dois grandes relevos, obras de Josef Stammel, que será também o autor de 60 dos 68 bustos existentes, que representam académicos, artistas, poetas, escultores e musas. A Abadia nasceu há mais de mil anos, não só para que em todas as coisas Deus seja glorificado, Ut in omnibus glorificetur Deus, como anuncia a máxima beneditina, mas também para que a arte, a cultura e todas as ciências sejam louvadas e ‘benedictas’.  

T. Maria Amélia Pires
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