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Júlio Magalhães

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D. Jorge Ortiga

Arcebispo Primaz de Braga

D. Jorge Ortiga lidera, há quase duas décadas, a Arquidiocese de Braga. Tendo cumprido, no ano passado, 50 anos de sacerdócio e, este ano, 30 como bispo, está a menos de um ano de completar 75 de idade. Nesta entrevista, o arcebispo natural da freguesia de Brufe, Vila Nova de Famalicão, fala do Serviço Arquidiocesano de Apoio à Família, que tem trabalhado para acolher os recasados na Igreja, da juventude de Braga e do Papa Francisco, homem a quem reconhece mérito por atacar os problemas que outros ignoravam.

D. Jorge Ortiga
Foi-lhe reconhecido muito mérito pela forma como lidou com o acesso à comunhão dos divorciados recasados. A Igreja tem sabido enfrentar os seus problemas de frente?
A minha intenção foi falar sobre a família em toda a sua beleza e complexidade. Lancei o desafio de ‘construir [a família] sobre a rocha’, partindo da fisionomia do amor conjugal. Não ignorei, ao mesmo tempo, diversas fragilidades: violência doméstica, ausência de diálogo e ruturas conjugais. O Serviço Arquidiocesano de Apoio à Família, instituído recentemente, tem sido o nosso pivô nestes domínios, bem como a um possível acesso à comunhão após discernimento. Creio que a Igreja tem sabido enfrentar os problemas. É preciso, contudo, ter consciência de que são problemas novos, que colocam em questão práticas eclesiais de há muitos séculos e que, por essa razão, requerem uma abordagem personalizada, cautelosa e especializada.

Como tem cativado, a Arquidiocese, os jovens de uma das cidades com mais juventude do país?
A Arquidiocese tem estado ao lado dos jovens de dois modos. Em primeiro lugar, através das suas estruturas: a Pastoral de Jovens, a Pastoral Universitária e os Movimentos. Recordo que um deles, o Escutismo, é a maior força associativa da região. Em relação ao mundo universitário, confesso que não descansei enquanto não construí um Centro Pastoral Universitário. Fica mesmo ao lado da Universidade do Minho e é um espaço de acolhimento, diálogo e cultura. Em segundo lugar, achamos mais importante escutar os jovens e dar-lhes protagonismo do que oferecer respostas pré-fabricadas.
«Uma Igreja contratestemunho perde toda a sua credibilidade profética»
A Igreja de Braga sente saudades do Cónego Melo?
A Arquidiocese de Braga é grata a todos os sacerdotes que gastaram a sua vida pela Igreja. Não podemos, por isso, esquecer a alma generosa e o sentido de presença do Cónego Melo em muitas realidades civis e eclesiais. Não foi um homem consensual, mas todos reconhecem que o seu sacerdócio foi muito interventivo, positivo e de um zelo inegável.

Em que medida a figura do Papa Francisco tem contribuído para uma revolução (necessária?) dentro da Igreja?
O Papa Francisco é o Papa para os dias de hoje. Tem sido um mestre na arte de semear esperança, um líder de referência mundial e um pedagogo dos valores intemporais. Ataca os problemas de frente quando muitos apenas lavam as mãos: a fome, os marginais, os refugiados, os descartados, a economia, a ecologia, etc. Gente deste calibre e desta coragem é rara. O empenho que coloca nas problemáticas do Mundo também o coloca na Igreja. A razão é simples: uma Igreja contratestemunho perde toda a sua credibilidade profética. No fundo, o contributo do Papa Francisco tem sido o de purificar a Igreja para que ela recupere a sua força profética.
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