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Jorge Marrão

Presidente das associações Projeto Farol e Missão Crescimento

Juntou-se em 2006 à Deloitte, sendo sócio da empresa e responsável por serviços de consultoria e corporate finance dedicados às indústrias imobiliárias, entre outras funções. Além disso, tem integrado vários grupos de reflexão, sendo presidente das associações Projeto Farol e Missão Crescimento, com as quais participa na construção de um pensamento sobre o futuro do país e respetiva postura na globalização. As suas análises económicas e ideias sobre a sociedade podem ainda ser lidas no Jornal de Negócios ou vistas no programa online Think Tank, com Camilo Lourenço e Joaquim Aguiar.   

Jorge Marrão
Tem participado em alguns grupos de reflexão, área em que parece haver um certo défice em Portugal. A que atribui essa falha de participação cívica?
A participação cívica não se decreta. No anterior regime, a mesma estava asfixiada por restrição dos direitos políticos. Neste regime, a mesma está reduzida pela forte dependência do setor privado e dos seus dirigentes em relação ao poder coercivo e regulatório do Estado. Em época de eleições, os partidos fingem ouvir a sociedade civil. Quando no poder, utilizam os mais variados instrumentos para a dominar.

Tem sido um crítico da dimensão do Estado. O setor privado tem-se mostrado à altura de assumir uma fatia maior das responsabilidades?
Esta crise demonstrou que, pelo menos, o défice baixo e sustentável é uma obrigação à esquerda e direita. A forma de o obter é diferente. A dimensão do Estado em termos de carga fiscal é uma disputa ideológica que não me interessa nesta fase da vida coletiva. O que me inquieta é a menoridade cívica de querermos que o Estado resolva tudo. Pagamos caro essa mentalidade paternalista que pretendemos do Estado.
«Não confundo atividade política com partidos e parlamento»
A sua passagem dos fóruns de reflexão para a atividade política é uma possibilidade?
Julgo que foi George Orwell que referiu que, à sua época, ninguém podia afirmar que «podemos manter-nos afastados da política». A crise era séria o suficiente para não nos darmos a esse luxo. Hoje, não é exceção. Mas não confundo atividade política com partidos e parlamento.

O setor imobiliário, que conhece bem, está a atravessar um bom momento?
Diversos fatores contribuíram para o bom momento. Os resultados não tardaram a aparecer quando o risco de dívida soberana reduziu, conjugado com uma política de taxas de juros baixas na Zona Euro proporcionada pelo BCE, a par dos efeitos de políticas internas no período da Troika de contenção salarial, que melhorou a relação de troca com o exterior. Se nos mantivermos no radar da poupança mundial, com estabilidade fiscal e regulatória, os preços do imobiliário tenderão a evoluir favoravelmente.

Como vê o país daqui a uma década?
O país, se se mantiver fiel à evolução na Europa - ainda que não saibamos, como ela, erigir desta crise séria política - seguirá um caminho de crescimento, ainda que sempre abaixo dos padrões europeus por falta de coragem política à esquerda e à direita para o reformar.
T. Sérgio Gomes da Costa
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