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Maria Rueff

Atriz

É conhecida como Zé Manel Taxista, Idália, Rosete e uma série de outros nomes, todos de personagens com que entrou no imaginário popular. Há muitos anos, Maria Rueff esteve quase a enveredar pelo Direito, mas acabou por estudar representação e hoje é um dos nomes mais sonantes da comédia em Portugal. Na década de 90, Herman José percebeu o talento que tinha quando a viu num café-teatro e nunca mais deixaram de trabalhar juntos. Fez um pouco de tudo, incluindo papéis dramáticos, rádio, cinema e até telenovelas, num percurso já distinguido com a Ordem de Mérito, concedida pelo Presidente da República Jorge Sampaio.      
Maria Rueff
Chateia-a haver quem a encare mais como comediante do que atriz?
Não me chateia absolutamente nada. Orgulha-me até, porque a comédia é a minha estrelinha, digamos assim. Tenho muito orgulho em ser comediante. 

Qual o papel dramático que mais gostou de interpretar?
Gostei muito da peça que fiz há dois anos, António e Maria, baseada na obra de António Lobo Antunes e com encenação de Miguel Seabra, no Teatro Meridional. Porque é um monólogo em que eu passava por todos os registos, essencialmente o trágico, que é francamente o oposto do meu registo habitual. Foi a peça que, nesse sentido, mais prazer me deu fazer.

Quando vai na rua, confundem-na mais vezes com a Idália ou com o Zé Manel Taxista?
Com o Zé Manel Taxista e eu tenho muita felicidade em ter conseguido criar um boneco que eu sei que está no coração de um público transversal. Esta personagem existe há mais de 20 anos e gosto muito dessa confusão. É quase um alter-ego para mim. O Zé Manel é a minha personagem mais famosa, às vezes até mais famosa do que eu. 
«Sempre tive aquele lado de Mafaldinha constestatária, esse lado de pôr o dedo na ferida e abanar as águas»
Porque há ainda poucas mulheres a fazer humor?
Acho que os tempos estão a mudar e ultimamente já aparecem várias comediantes, até portuguesas. Nós temos tido muito boas atrizes de comédia, como Beatriz Costa, Maria Matos, Mirita Casimiro, Ana Bola, Marina Mota e Maria João Abreu, só para dar alguns exemplos. Agora, em termos mundiais, de facto sempre houve poucas mulheres na comédia, porque o humor é um contrapoder e enquanto o poder esteve nas mãos dos homens o contrapoder não esteve nas mãos das mulheres. Também acho que cá houve uma herança dos tempos da ditadura, por ser a arte do ridículo, e havia aqueles chavões da educação que diziam que uma mulher não se expõe ao ridículo, não se ri demasiadamente. É como se a mulher tivesse de ser sempre ‘compostinha’; e como a comédia é uma arte que descompõe, não era suposto uma mulher fazer isso. Mas isto não significa que não haja mulheres muito boas na comédia. Eu fico muito feliz por desbravar caminho em Portugal e sei que há várias atrizes a fazerem comédia com muito orgulho.

Este momento histórico, principalmente no campo político, parece estar a ser fértil para os humoristas de todo o mundo. Sente isso também?
É sempre o maior campo para a comédia. Aliás, o humor interventivo é uma das coisas que mais gosto de fazer. Comecei assim no Herman 98, quando fazia aquelas personagens que apareciam a meio; e é das coisas que mais gosto de fazer. Sempre tive aquele lado de Mafaldinha constestatária, esse lado de pôr o dedo na ferida e abanar as águas, mas também de divertir. 
T. Sérgio Gomes da Costa
F. João Bacelar
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