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· Gourmet · · T. Joana Rebelo · F. Nuno Almendra

A Brasileira do Chiado

Grão a grão é feita história e tradição 

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Centenário na sua longevidade, viu passar tertúlias acesas e gentes variadas. Hoje, preserva-se como tesouro literário, já que em tempos serviu de ponto de encontro aos gigantes da cultura portuguesa. N’A Brasileira do Chiado as viagens ao passado têm um travo a café e a pastel de nata, uma combinação que o tempo parece não quebrar. Saboreie a estação no coração pulsante do Chiado, num recanto de um dos cafés mais antigos da cidade.
É o busto de Fernando Pessoa quem nos recebe, ele que é o primeiro cliente da manhã e o último da noite. Ao contrário do poeta, acomodamo-nos no interior, já que às nove da manhã a esplanada se encontra lotada. Talvez seja a altura ideal para analisar a vitrine de pastelaria, que se estende em comprimento ao longo do café, aliciando quem por ela passa com o seu aglomerado de pastéis de nata e outro tipo de doçarias tradicionais. Decidimos pedir o clássico – café e pastel de nata – e, enquanto esperamos, os sentidos parecem ficar aguçados. Como se fosse possível ver através de um plano superior, observamos os funcionários a andar de um lado para o outro a um ritmo frenético, com as suas bandejas na mão. O calçado que embate no chão confirma o rebuliço daquela manhã e as gargalhadas entre diálogos corriqueiros e conversas estrangeiras são sonantes, assim como o tilintar inconfundível das moedas a cair no caixa. 

Café com sabor a tradição
Aqueles que pela cultura visitam o espaço denunciam-se pelo som do disparo da máquina fotográfica. Afinal, os óculos de Fernando Pessoa estão expostos aqui mesmo, acompanhados das réplicas da famosa Mensagem. A beleza arquitetónica também poderá ser outro atrativo, já que o pomposo estilo barroco predomina entre as paredes que seguram os quadros abstratos. A ostentar o fundo da sala apresenta-se estoicamente uma relíquia centenária com funções de relógio, que tem vindo a cronometrar por dias a fio a vida d’A Brasileira. Onde o olhar incida, há sempre referência à marca criada por Adriano Telles, nem que seja através do rosto do velhote de ar simpático, que se assume como o logótipo do negócio. Mas o pensamento dissipa-se quando na mesa é servido o café com sabor a tradição, resultante da variedade de grãos que permitem sentir o corpo e aroma da bebida que, para alguns, está no patamar gourmet. Com uma mão na chávena e a outra no pequeno chocolate que vem a acompanhar, olha-se em diante e revisitam-se outras memórias. Este local chegou a ser «casa» de gente grande, onde Pessoa acompanhava os seus poemas com a ginjinha, Amália tomava o seu chá a fumegar e Almada Negreiros proferiu, pela primeira vez, o Manifesto Anti-Dantas. Terminado o café, não será o futuro que veremos nas borras, mas as marcas de um passado que se faz sentir em cada recanto, perpetuando-se nas reminiscências da história. 
Joana Rebelo
T. Joana Rebelo
F. Nuno Almendra
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