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Brasil reconciliado, forte e global

José Manuel Fernandes

Eurodeputado, professor e político português

José Manuel Fernandes
Este mês, o Brasil demonstrou, mais uma vez, ter instituições fortes, um sistema eleitoral fiável e uma democracia sólida. A transição pacífica de poder já se encontra em curso, sendo agora tempo de preparar o futuro. A União Europeia, e Portugal em particular, devem ter um papel ativo neste capítulo, que agora se inicia, de relações com o Brasil. 
O Brasil deve procurar a reconciliação interna. Não será fácil, pois a divisão política em que o país se encontra deu lugar a muitas feridas que levarão tempo a serem saradas. O papel do Presidente é fundamental neste exercício. Antes de mais, Lula da Silva deve tomar consciência de que muitos dos votos que recebeu foram «votos negativos», isto é, motivados pelo repúdio a Bolsonaro. Essa consciência é fundamental para encetar o caminho de reconciliação e o desejo de ser um Presidente de todos os brasileiros, lutando pela união do país e pela participação democrática de todos. 
Lula da Silva começou bem ao apelar à união, a um Brasil aberto, e ao defender prioridades que na UE subscrevemos: inclusão social, combate às alterações climáticas e transição digital. O Brasil é uma potência global, a 10.ª economia do planeta, o 5.⁰ maior país do mundo em área e metade da população da América Latina. Temos de reforçar os laços com a América Latina e, para isso, o Brasil é um parceiro fundamental.
Desde 2014 que não é organizada nenhuma cimeira UE-Brasil. Já entre 2007 e 2014, tiveram lugar sete cimeiras. Trata-se de um erro da política externa europeia que urge corrigir. O Brasil deveria ser um parceiro privilegiado da União Europeia no comércio, na investigação, na defesa do meio ambiente e na investigação. A aliança com o Brasil ajudaria a fazermos face aos efeitos negativos da guerra resultantes da invasão da Rússia na Ucrânia, nomeadamente no domínio alimentar. 
Temos um instrumento privilegiado à nossa disposição para fortalecer a nossa relação: o acordo Mercosul que demorou 20 anos a ser negociado chegando-se a um acordo de princípio em 2019. O Mercosul representa cerca de 25% do PIB mundial e mais de 750 milhões de pessoas. No entanto, a ratificação está parada. É minha expectativa e desejo que os governantes da UE levantem as barreiras que impediram a ratificação do acordo por razões iminentemente protecionistas, e que, do lado do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, o compromisso se mantenha. 
Enquanto portugueses, temos uma obrigação adicional de contribuir para o fortalecimento desta relação. Sem paternalismos, com a «cooperação» como palavra-chave, também nós podemos contribuir para a reconciliação e progresso do Brasil, para benefício de todos: dos brasileiros, da Europa e de todo o mundo. 
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