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Luís Araújo

«A formação continua a ser um dos pilares da atuação do Turismo de Portugal»

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A sustentabilidade é uma das principais bandeiras do turismo português. Mas há mais medidas que estão em marcha para melhorar os serviços em todo o país. Como a aposta na formação, a palavra-chave para os próximos anos é confiança. A recuperação nacional e internacional do setor vai a bom ritmo, mas os desafios impõem-se. Em entrevista à V&G, Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, fala dos programas que estão me marcha e da sua visão para os próximos tempos.
A redução do consumo de água no setor hoteleiro poderá obrigar a profundas alterações no imediato? Como pode o setor adaptar-se a este problema?
O setor do turismo tem vindo a adaptar-se e a assumir a responsabilidade de cumprir com critérios de sustentabilidade, nomeadamente a redução do consumo de água, existindo já vários empreendimentos turísticos que são excelentes exemplos de boas práticas de eficiência hídrica. Em situações como as que recentemente se verificaram, em que o momento de seca meteorológica agrava a escassez hídrica, a Agência Portuguesa do Ambiente reuniu com as associações do setor turístico com o objetivo de promover, de forma colaborativa e apesar de já existirem iniciativas muito relevantes neste domínio, uma ainda maior redução de consumo de água. A este propósito salienta-se que cerca de 70% das unidades hoteleiras (TravelBI by Turismo de Portugal - Accommodation Establishments that Optimize Water Consumption) já tomaram medidas de otimização do uso da água, no sentido de promover uma procura turística sustentável. Estas medidas procuram concretizar uma gestão mais rigorosa das disponibilidades hídricas e vão desde a monitorização de consumos com recurso a sofisticados softwares desenvolvidos especificamente para o efeito, a sistemas de tratamento de piscinas, alteração na periodicidade da mudança de toalhas e lençóis, até à reutilização de águas residuais em usos urbanos não potáveis, de forma a reduzir a captação de água natural.
Por sua vez, o Turismo de Portugal tem incentivado e apoiado os esforços do setor nessa mitigação, nomeadamente no âmbito das medidas previstas no Plano Turismo +Sustentável 20-23, designadamente: na realização, com o apoio do Fundo Ambiental, em parceria com a Federação Portuguesa de Golfe e o Conselho Nacional da Indústria do Golfe, de um estudo técnico sobre Eficiência hídrica nos campos de golfe em Portugal, contendo um diagnóstico e propostas de melhoria para essa atividade; na implementação e adesão ao referencial nacional de eficiência hídrica AQUA+ Hotéis, em todas as regiões turísticas; no desenvolvimento, ainda em fase de produção, da Plataforma Por um Turismo Sustentável destinada a monitorizar os consumos dos hotéis, divulgar informações e partilhar boas práticas conducentes a um consumo mais eficiente; na capacitação dos agentes para a sustentabilidade, disponibilizando novos conteúdos formativos densificados sobre sustentabilidade hídrica nos cursos ministrados pelas Escolas do Turismo de Portugal e na disseminação das melhores praticas sobre sustentabilidade junto das empresas; na promoção de uma atitude de sustentabilidade junto de quem nos visita através da campanha Tomorrow is Today: for a better planet, a better tourism.
Trata-se de medidas que, conjuntamente com os suportes financeiros que o Plano de Recuperação e Resiliência prevê, visam desenvolver um trabalho conjunto com o setor turístico, contribuindo para que este se encontre mais habilitado a aperfeiçoar equipamentos, tecnologia, dados e informações sobre a melhor gestão de água, numa abordagem integrada com o clima.

Em que medida o Programa Transformar Turismo poderá trazer benefícios ao setor a curto e médio prazo?
Transformar Turismo ​ é um programa do Turismo de Portugal de apoio ao investimento dirigido a agentes públicos e privados que atuam na área do turismo, com o objetivo de fomentar a valorização e qualificação do território, assim como o desenvolvimento de produtos, serviços e negócios inovadores. Este programa, conforme previsto no Plano Reativar o Turismo. Construir o Futuro, destina-se a apoiar o investimento público e privado na qualificação de Portugal enquanto destino turístico.
Conta com duas linhas de apoio específicas – Territórios Inteligentes e Regenerar Territórios – e destina-se às entidades públicas e privadas do setor, preferencialmente agrupadas em projetos conjuntos, de rede ou em Estratégias de Eficiência Coletiva, que tenham como pano de fundo a valorização e inovação turística dos territórios através de projetos que estimulem atividades ou serviços de maior valor acrescentado ligados aos produtos turísticos de relevo, tais como turismo cultural e patrimonial, turismo natureza, turismo industrial, turismo literário, enoturismo e turismo gastronómico.
Neste contexto, são evidentes os benefícios que este programa envolve, uma vez que na sua génese pretende contribuir para um turismo cada vez mais sustentável, responsável e inteligente, fomentando a valorização e qualificação do território, a coesão territorial e social, assim como o desenvolvimento de produtos, serviços e negócios inovadores que valorizem a autenticidade e respondam às necessidades e interesses dos que nos visitam e que comportem, para além de vantagens competitivas para as organizações, benefícios sociais tangíveis e menor impacto no ambiente.

A formação neste setor continua a ser insuficiente? Porque se torna necessário a contratação de estrangeiros, nomeadamente para o Algarve, nos meses de maior pressão turística?
A aposta nas Pessoas e no Talento é uma das prioridades da Estratégia Turismo 2027 (ET2027) que define um conjunto de ações com vista a aumentar os níveis de qualificação no turismo, duplicando o nível de habilitações do ensino secundário e pós-secundário para 60% até 2027.A formação continua a ser um dos pilares da atuação do Turismo de Portugal que, com a sua rede de 12 Escolas que forma, em média, mais de 3.000 alunos por ano (2.900 no ano letivo 2021/2022) pretende, assim, contribuir para a competitividade e qualidade do serviço prestado pelas empresas e agentes do setor. Refira-se que, segundo dados do Estudo de Inserção Profissional de 2020, 96,7% dos alunos formados nas Escolas do Turismo de Portugal ficaram a trabalhar em Portugal, dos quais, 84% nos subsetores da Restauração e Hotelaria.
Paralelamente, as Escolas do Turismo de Portugal têm um regime especial exclusivo para alunos internacionais que queiram frequentar os seus cursos de formação.​​​ Este regime de candidaturas destina-se exclusivamente a candidatos internacionais que não tenham a nacionalidade portuguesa; não sejam nacionais de estados-membro da União Europeia ou não residam em Portugal há mais de dois anos ininterruptamente.​​
Estamos focados no talento das pessoas, no desenvolvimento de soft skills, na inovação, na aplicação da formação a outros segmentos e atividades e na globalização dos profissionais do turismo, como base de sucesso do turismo em Portugal. Neste sentido, desde o início de 2021, foram organizadas um total de 1.530 ações de formação para mais de 123.750 mil participantes. Entre outras, foram ministradas 509 ações de Formação Executiva Certificada Online que contaram com 31.910 participantes; 104 ações de formação no âmbito do Clean & Safe envolvendo 17.271 pessoas; 446 ações do Programa Upgrade e um total de 26.915 participantes, realizados 31 Webinares e MasterClasses que contaram com 1.352 participantes.
O turismo é uma área profissional com futuro, com perspetivas de carreira, com um potencial de desenvolvimento pessoal e profissional únicos. Neste sentido, e concretizando uma das nossas missões mais relevantes – a de criar sinergias colaborativas entre todos os operadores de formação em turismo – estamos a desenvolver um conjunto de projetos colaborativos com outras entidades públicas que trabalham a formação em turismo para que, de forma mais articulada, possamos todos disponibilizar mais cursos e mais formação especializada incrementando, de forma significativa, o número de pessoas a estudar e a fazer formação em turismo.
Neste sentido importa destacar o Programa Formação + Próxima, enquanto projeto emblemático nas áreas da formação e coesão territorial. Tendo arrancado em janeiro deste ano, pretende capacitar 75.000 profissionais do setor, em três anos, de forma gratuita e adaptada às necessidades locais de cada autarquia, em todo o território. Até ao momento foram já realizadas 112 ações de formação/capacitação em 84 municípios, com um total de 2.100 participantes. Direcionando-se preferencialmente para empresários, gestores, quadros intermédios e operacionais, visa contribuir para um maior conhecimento das autarquias e dos seus agentes, através de processos de upskilling e reskilling que contribuam para acrescentar valor ao tecido empresarial local e aos respetivos territórios.
É também um instrumento de captação de talento, qualificando pessoas de outros setores e/ou desempregados que queiram ingressar no setor do turismo e tem como objetivo descentralizar a formação em turismo e adaptá-la às necessidades locais, por todo o território nacional. Leva igualmente em conta a diversidade das empresas do setor e é extensível a toda a cadeia de valor do turismo, num programa de formação que se pretende próximo das pessoas e das necessidades dos territórios, pelo que os programas formativos (que variam entre 50 e 200 horas) são definidos/personalizados à medida de cada território.
«Durante toda a crise pandémica foi grande o esforço no reforçar da confiança de quem nos visita»

Qual o peso do enoturismo no setor económico português? Porque tem este segmento suscitado tantas polémicas?
Mais do que saber quanto vale é importante perceber o potencial deste segmento de procura. Sobre isso, alguns indicadores evidenciam o aumento de interesse dos turistas, seja através de pesquisas online sobre gastronomia e vinhos, ou através da crescente procura por parte dos operadores turísticos.
É certo que os dados são importantes e fazem falta para aferir o verdadeiro peso de um segmento ou área económica. Mas não é só em Portugal que esses dados não existem. Aliás, foi exatamente com esse objetivo que a Organização Mundial de Turismo constituiu uma equipa de trabalho, com vários países e entidades, onde se inclui o Turismo de Portugal, para desenvolver soluções para esta necessidade global.
Neste contexto e no âmbito de vários programas de incentivo do Turismo de Portugal, o Enoturismo tem beneficiado de múltiplos apoios. O Plano de Ação para o Enoturismo aprovou mais de 60 projetos, que representam um investimento superior a 90M€ e incluem diferentes tipologias de ofertas de enoturismo distribuídos pelo território nacional. Também o Programa Transformar Turismo dá uma especial atenção ao Enoturismo, uma vez que considera este segmento elegível para receber incentivos e apoios. Dirigido a agentes públicos e privados que atuam na área do turismo, visa fomentar a valorização e qualificação do território, assim como o desenvolvimento de produtos, serviços e negócios inovadores.
Noutras vertentes, destaca-se que a formação específica em Enoturismo tem crescido nas Escolas do Turismo de Portugal.  Só em 2021, certificou mais de 4.000 formandos. O Enoturismo tem sido, também, objeto de campanhas de promoção externa, dirigidas ao consumidor, ao trade e à imprensa internacionais, com enorme impacte e alcance nos mercados internacionais.
No que diz respeito à promoção externa, o enoturismo integra o plano de ações realizadas pelo Turismo de Portugal destinadas aos mercados internacionais. Desde o lançamento da plataforma digital Portuguese Wine Tourism, que será o hub de informação e de promoção internacional de Portugal enquanto destino de Enoturismo, à captação de eventos internacionais, como a Conferencia Mundial do Enoturismo realizada pela OMT em 2021 em Portugal, ou programas televisivos de referência internacional como o The Wine Show, entre outros, são múltiplas e significativas as iniciativas já concretizadas e previstas implementar. Também as Equipas de Turismo nos mercados têm desenvolvido um conjunto alargado de ações junto do trade internacional, no sentido do aprofundamento do conhecimento dos operadores sobre o enoturismo em Portugal e no reforço da presença da nossa oferta nos canais de distribuição. A comunicação junto do turista internacional tem sido realizada através da campanha Wine Pairs with Portugal, também em eventos nos mercados, alguns deles em estreita colaboração com a ViniPortugal. 

Portugal já está nos mapas do turismo sustentável internacional. Que investimento tem sido feito nesta área e o que ainda falta concretizar?
O Turismo de Portugal assume a sustentabilidade como um propósito maior e o único caminho possível para construir o turismo do futuro. Todos os projetos e iniciativas que concretizamos procuram, em última análise, promover os princípios da sustentabilidade junto de toda a cadeia de valor do turismo nacional, tornando-o ainda mais responsável. Isto implica, por um lado, a compreensão dos verdadeiros impactes ambientais, sociais e económicos da atividade turística e, por outro lado, a dinamização de todo o seu potencial no quadro global da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Aliás, a ET2027, referencial estratégico do desenvolvimento do setor para os próximos anos, definiu de forma muito clara metas de sustentabilidade económica, social e ambiental e áreas estratégicas de intervenção, sem perder de vista os objetivos concretos de aumentar a procura e as receitas turísticas, de reforçar as qualificações, de reduzir o índice de sazonalidade, de assegurar uma integração positiva do turismo nas populações residentes, de incrementar os níveis de eficiência energética e hídrica nas empresas e de promover uma gestão eficiente dos resíduos na atividade turística.
Foi com este enquadramento que o Turismo de Portugal lançou, em junho de 2021 – depois da consulta pública a que foi submetido, o que permitiu integrar mais de uma centena de contributos – o Plano Turismo + Sustentável 20-23 (Plano Turismo + Sustentável 2020-2023 (turismodeportugal.pt)) que procura acelerar o alcance dessas metas e, ainda, reforçar a contribuição do turismo para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Este Plano prevê mais de 100 ações (concretamente 119), a implementar até 2023, dirigidas para a estruturação de uma oferta crescentemente sustentável, para a qualificação dos agentes do setor, para a promoção de Portugal como destino sustentável e para a monitorização do desempenho do setor em sustentabilidade. Estão atualmente em curso 80 destas ações e 19 já foram concluídas.
Para que o turismo seja um setor líder na resposta aos desafios da sustentabilidade temos de incluir os seus princípios e diretrizes nos modelos de governação das organizações, procurando a melhoria contínua nos serviços e nos produtos para conseguirmos garantir uma adaptação estrutural às realidades e aos desafios que surgem em cada momento. É aqui que entra a importância da medição objetiva do desempenho, porque o caminho para um turismo mais competitivo, mais justo e responsável e mais eficiente no uso dos recursos não pode existir sem indicadores que, acompanhando as exigências do mercado e as expetativas da sociedade, permitam analisar ineficiências e vulnerabilidades e desenvolver mecanismos de crescimento. Foi por essa razão que o Plano Reativar o Turismo. Construir o Futuro, aprovado em maio de 2021, inscreveu o Programa Empresas Turismo 360° no conjunto de ações orientadas para projetar o setor no futuro – uma iniciativa ambiciosa que procura aproveitar toda a força transformadora do setor ao incentivar as empresas a reportarem o seu desempenho em sustentabilidade através da integração dos fatores ESG – Environmental, Social and Governance na cultura organizacional e na estratégia de negócio, orientando-as no processo de reporte de um sistema de indicadores criado com o objetivo de refletir as suas práticas ambientais, sociais e de governação.
Este surge como um mecanismo que, resultando de uma reflexão estratégica orientada para a compatibilização do desenvolvimento económico com a proteção ambiental e com a equidade social, permite abordar vulnerabilidades, antecipar e contornar disrupções, e maximizar oportunidades e benefícios para os destinos, para as empresas, para as comunidades, para os trabalhadores e para os visitantes. Muitas empresas desconhecem o impacte positivo da sustentabilidade na criação de valor e na competitividade, ainda olhando para a sustentabilidade como um custo acrescido e não como uma oportunidade. Alterar atitudes, valores e padrões de comportamento é sempre um processo complexo – e esse é o trabalho que o Turismo de Portugal está a desenvolver no contexto das ações de capacitação que iniciou em fevereiro deste ano ao abrigo do Programa Empresas Turismo 360° que visam sublinhar as vantagens de adotar um modelo de desenvolvimento sustentável, reforçando a perceção de que a sustentabilidade é um investimento estratégico e de que os custos da implementação de uma estratégia de sustentabilidade serão sempre menores face aos custos da sua não implementação.
Por outro lado, a generalidade das empresas desconhece a melhor forma de integrar objetivos sociais e ambientais na sua estratégia, nos seus instrumentos de gestão e nas suas operações. Desde logo, como começar a medir o seu desempenho em sustentabilidade. O Programa Empresas Turismo 360° responde, diretamente, a esta necessidade através de um portefólio que ajuda as empresas do turismo a reportar publicamente o seu desempenho em sustentabilidade face ao novo quadro internacional para o desenvolvimento sustentável, apoiando-as na sua jornada de integração dos fatores ESG – Environmental, Social and Governance na cultura organizacional e na estratégia de negócio através de um conjunto de ferramentas que abarca todo o processo de recolha, medição, monitorização e relato das práticas ambientais, sociais e de governação. Estas ferramentas incluem ações de capacitação em gestão ESG, o acesso a indicadores setoriais de desempenho ESG, a utilização de uma plataforma tecnológica inovadora para recolha, gestão e reporte de dados, e a obtenção de um modelo de relatório ESG adaptado ao setor do turismo e preparado em conformidade com os standards globais de sustentabilidade, que são depois complementadas com iniciativas no sentido do reconhecimento público de boas práticas, do acesso privilegiado a fontes de financiamento diversificadas e da obtenção de um rating ESG.
Info adicional sobre o Programa Empresas Turismo 360°: Programa Empresas Turismo 360º (turismodeportugal.pt) 

Sendo o setor do Turismo tão abrangente e com tanto peso económico, acha que carecia de uma reforma em profundidade?
O turismo continua a ser um setor fundamental na geração de valor e competitividade da Marca Portugal. Apesar dos desafios dos últimos tempos, mantemos o propósito de afirmar o turismo como hub para o desenvolvimento de todo o território, de modo a posicionar Portugal como um dos destinos turísticos mais competitivos e sustentáveis do mundo. O mundo mudou muito nos últimos dois anos, contudo nem tudo está diferente, como por exemplo o que diferencia o nosso destino – o bom acolhimento, a segurança, a inclusão.
Os novos tempos vieram imprimir novas realidades e estas trouxeram novos desafios. O próprio turista mudou e passou a valorizar um turismo mais familiar, previsível e confiável, em que custo, conforto e segurança passaram a ser primordiais na tomada de decisão em viajar. A palavra-chave é confiança - não só para viajar sem restrições, mas para encontrar segurança no destino. Portugal apresenta neste aspeto o seu cariz diferenciador. Somos o 4.º país mais seguro do mundo (Global Peace Index 2021).
Por outro lado, os resultados do Brand Asset Valuator (BAV), recolhidos em 2019 sobre a marca Portugal, mostram uma evolução muito positiva nos últimos anos nos mercados externos que foram analisados, mas também a nível interno. Portugal é hoje uma marca líder, capaz de atrair atenção e de a converter em experimentação e estima, com capacidade de gerar um nível superior de consideração e de valor. No conjunto dos mercados externos, Portugal é uma marca fortemente relacional, associada a soft skills, em processo de afirmação e valorização, uma consequência direta do nosso trabalho enquanto setor turístico.
Durante toda a crise pandémica foi grande o esforço no reforçar da confiança de quem nos visita. E foi neste contexto que o Turismo de Portugal criou o selo Clean & Safe, uma iniciativa que promove Portugal como um destino seguro, numa atuação concertada e o envolvimento de todas as empresas do setor, apelando à responsabilidade de cada uma. Fomos mesmo designados como exemplo a seguir pela Organização Mundial do Turismo.
O setor tem demonstrado estar à altura dos acontecimentos, dando provas de uma adaptabilidade e resiliência ímpares. Queremos continuar a ser reconhecidos internacionalmente pela excelência da nossa oferta, mas sobretudo pelo crescimento sustentado e em valor; pela formação de excelência; pela aposta na inovação e nas tecnologias; empenhados na sustentabilidade.  Desta forma, lideramos o turismo do futuro.
Mesmo com a falta de profissionais do setor, que desde 2019 perder 50 mil trabalhadores, o turismo irá atingir as metas traçadas para este ano?
Os mais recentes números do setor do turismo divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), comprovam a tendência de recuperação da atividade turística em todo o país.
Em maio de 2022, os indicadores de hóspedes registaram um crescimento na ordem dos 162,1% e nas dormidas (+221,8%), face ao mesmo mês de 2021, apresentando valores muito próximos dos valores registados em 2019. Este crescimento é, à semelhança de meses anteriores, em muito devido ao desempenho dos residentes com 1,8 milhões de dormidas (+11,6% vs maio/19). Destaca-se, de igual modo, a boa recuperação dos mercados externos, alguns dos quais, também registam valores superiores a 2019.
A tendência de recuperação do setor é mais evidente nos proveitos que já se encontram, aproximadamente, 12% acima dos montantes registados em período pré-pandemia. Em maio de 2022, os proveitos totais atingiram 456,1 milhões de euros (+264,3%) e os proveitos de aposento corresponderam a 338,4 milhões de euros (+275,1%) em comparação com o mesmo período de 2021.
Em maio, registaram-se aumentos das dormidas em todas as regiões, quando comparado com período homólogo. Este crescimento foi mais expressivo na Madeira (+340,5%), na Área Metropolitana de Lisboa (+330,4%) e Algarve (+271,1%).Em maio de 2022, todos os mercados internacionais apresentaram sinais de recuperação, destacando-se os EUA, Países Baixos, Irlanda e Bélgica que apresentam valores nas dormidas superiores às registadas em 2019. O Reino Unido registou um acréscimo absoluto de 819,4 mil dormidas, em relação ao período homólogo, o que situa o principal mercado emissor para Portugal próximo da total recuperação face a 2019.
Já em junho, o Banco de Portugal, no seu Boletim Económico, atualizou as previsões de crescimento das exportações até 2024. Assim, as exportações crescem 13,4% em 2022, desacelerando gradualmente para um ritmo próximo do pré-pandemia em 2024. Este perfil é determinado pela recuperação das exportações de serviços, projetando-se que o turismo regresse ao nível pré-pandémico em meados de 2022.  No caso específico deste sector, o Banco de Portugal prevê que as receitas do turismo superem as receitas de 2019 já em 2022 (84,8% no Boletim de dez 2021). Isto representa uma aceleração significativa das receitas do turismo que deverão atingir em 2022 um valor próximo do que se previa para 2024 na última previsão.
Filomena Abreu
T. Filomena Abreu
F. Álvaro Isidoro
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