Como foi de história que pautou a nossa viagem seguimos até Crato – uma pequena vila com cerca de 1600 habitantes. Parámos para descansar na Pousada Mosteiro Crato, na localidade de Flor da Rosa, que fica a cerca de 20 km de Portalegre. Do Mosteiro de Santa Maria nasceu uma belíssima e luxuosa pousada. O estilo gótico e a traça do edifício mantiveram-se intactos, conservando este monumento emblemático.
E continuamos pela estrada. «Ó Elvas, Elvas! Badajoz à Vista». Fomos a Elvas – conhecemos as muralhas da cidade, o Castelo de Elvas e o Forte da Graça. Vagueámos pelas ruas da cidade que, desde a Idade Média até ao Séc. XVIII, serviu de defesa da zona raiana do Alto Alentejo, numa época em que o perigo espreitava de perto, vindo de Espanha. As cortinas das muralhas e as casas tradicionais mantêm-se, e, bem próximo, encontra-se o rio Guadiana. Parámos para almoçar no restaurante Adega Regional, que fica no interior das muralhas. Terminados, subimos até ao Forte de Nossa Senhora da Graça – também denominado por Forte Conde de Lippe –, que fica a um quilómetro da cidade, na freguesia de Alcáçova. Do cimo do Monte da Graça, a vista é arrebatadora. O Forte, considerado, em 2012, Património Mundial da Humanidade pela UNESCO, é detentor de uma beleza preciosa. Atualmente está inserido em roteiros históricos baseados em heróis portugueses. O Forte resistiu às tropas espanholas durante a chamada Guerra das Laranjeiras (1801) e a muitas outras invasões. Concluída a visita a esta terra lendária, demos um salto a Badajoz – não estivesse a cidade espanhola a cerca de 10 minutos de Elvas. Saímos da Rota do Alto Alentejo, mas valeu a pena este desvio até à Extremadura. Visitámos, apenas, a Alcáçova de Badajoz – uma cidadela inserida no centro histórico de Badajoz, rodeada de encostas íngremes e ambiente natural. A cidade foi fundada em 892 por Ibne Maruane.
De novo na busca por territórios com histórias e lendas, chegámos ao distrito de Évora e visitámos o Castelo de Estremoz – erguido sobre a colina ao norte da serra de Ossa. Serviu na defesa da raia alentejana. Estremoz está ligada a episódios militares da História de Portugal. Foi no castelo que a Rainha Santa Isabel faleceu, em 1336.
Fomos, também, até Castelo de Vide – localidade que recebe o festival «Andanças». Bebendo do seu caráter romântico, dos seus belos jardins e de uma vegetação única, descansámos na Barragem da Póvoa – a segunda maior albufeira do distrito de Portalegre, que fica a 5 km da vila. Subimos a longa escadaria até à Ermida de Nossa Senhora da Penha – edificada no Séc. XVI –, na Serra de São Paulo. Do cimo, as vistas recaem sobre a vila de Castelo de Vide. A construção é simples, a capela-mor é redonda e o interior é forrado com azulejos.
Pulando até ao distrito de Castelo Branco, abrandámos ritmo na Vila Velha de Rodão – onde encontrámos o famoso Monumento Natural das Portas de Rodão. Visitámos o Castelo de Ródão, completamente rodeado por paisagem negra, devido às chamas que por ali andaram este verão, mas nem isso retirou a beleza ao monumento. Do alto dos seus muros, as vistas sobre as Portas do Rodão – um monumento geológico natural – e o vale do Tejo deslumbram. As Portas do Ródão são resultante da interseção do duro relevo quartzítico da Serra das Talhadas com a corrente do rio Tejo. Quisemos fazer a viagem de barco, e, sim, tem-se uma melhor visão sobre as paredes escarpadas, com cerca de 170 m de altura. As duas ‘portas’ separam, de um lado, a Beira Baixa, na margem esquerda, com o Conhal do Arneiro, e, da margem direita, Vilas Ruivas. No passeio de barco, se desligar os motores, é-lhe possível percecionar a avifauna – habitat de grifos de Portugal, assim como de cegonha-preta ou milhafre-real.
Não querendo deixar o Alto Alentejo sem voltar a passar por terras vizinhas, como a cidade de Cáceres – cidade feudal, espanhola, palco de históricas batalhas entre Mouros e Cristãos –, fomos conhecer um pouco das histórias dessa terra. A sua narrativa está refletida na arquitetura existente na cidade – uma mistura de Românico, Árabe, Gótico e Renascentista. É uma cidade Romana, bonita e interessante, considerada o terceiro Conjunto Monumental Europeu, em 1968, e Património da Humanidade pela UNESCO, em 1986. Encontrará torres, palácios e casas senhoriais para visitar. E deixe-se conquistar pelas muralhas da Plaza Mayor.
Às vezes, é difícil fugir à rota programada para determinada viagem e, por isso, no último dia partimos até à praia da Comporta – fica a cerca de 3 horas do Marvão, onde nos encantámos com os verdes arrozais (a produção de arroz é umas das atividades da região) e assistimos a um magnífico pôr do sol, na praia da Herdade da Comporta, quase deserta e de areias brancas, na corrente da costa da Comporta, onde acaba a terra e começa o mar.