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Alterações climáticas: firmeza e gradualismo

José Manuel Fernandes

Eurodeputado, Professor e Político Português

José Manuel Fernandes
O combate às alterações climáticas exige uma ação imediata e coordenada à escala global. Esta ampla ação tem de ser simultaneamente gradual e realista. Há que cumprir as metas a que nos comprometemos, nomeadamente através do acordo de Paris e para isso temos de preparar e envolver os cidadãos, as instituições e as empresas. A primeira condição para o sucesso das ações é falar verdade. Os preços da energia já estavam a aumentar antes da guerra iniciada pela Rússia. Na UE, o pacto ecológico, a lei do clima e o respetivo objetivo da redução das emissões de carbono em 55%, até 2030, e da neutralidade carbónica, até 2050, trazem aumento dos preços e desafios para os quais temos de nos preparar. Por isso, insisto no gradualismo. Não é possível de repente todos comprarmos carros elétricos. E o preço dos carros elétricos? Há postos de carregamento para todos os carros? Há lítio para as baterias? Somos contra ou favor da extração do lítio? E o que faremos às baterias no final do seu tempo de vida? 
Esta transição implica a existência e disponibilidade de alternativas, por exemplo, para a substituição de matérias-primas. Exige-se um forte investimento na investigação e na inovação, assim como a criação de fundos que apoiem os cidadãos mais vulneráveis. Há empregos que vão desaparecer, novos que vão surgir, o que exige que se avance para o reforço das competências dos trabalhadores.
Na UE, para apoiarmos as famílias mais vulneráveis e as pequenas empresas ao longo desta transição, propomos a criação de um Fundo Social para a Ação Climática, com um financiamento a partir do orçamento europeu de 72 mil milhões de euros para 2025-2032. Estabelecemos definições comuns em toda a UE para a pobreza energética e para a pobreza na mobilidade. A pobreza energética refere-se a agregados familiares incapazes de aceder a serviços energéticos essenciais que lhes permitam um nível de vida decente. A pobreza relacionada com a mobilidade refere-se a agregados familiares que têm custos de transporte elevados ou acesso limitado a meios de transporte a preços acessíveis. Não basta afirmar que ninguém pode ficar para trás. Precisamos de ações concretas e eficazes.
Há que ter a consciência que o agravamento do aumento do preço da energia em virtude da guerra não pode diminuir a ambição no combate às alterações climáticas. Adiar significa agravar e passar uma fatura pesadíssima para as gerações vindouras. Mas insisto que para termos sucesso temos de explicar, falar verdade, envolver e seguir um caminho que seja simultaneamente firme e gradual.
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